11 de julho de 2011

Eu, coração pele


Bati o portão de casa, liguei o som, deitei na cama e contei 223 segundos. Mas você não veio. E desde então sonhei com você durante todas as noites que dormi pensando em coisas improváveis. Quando meus olhos finalmente encontraram os seus, não pude evitar. Olhei profundo na janela da alma e contei segredos que aquelas brisas permitiram. Colei meu corpo ao teu. Desejei cada molécula de ti só pra mim. Vi estampado nos teus olhos profundos um segredo que envolvia a aventura e a entrega do perigo e do desejo. Nós dois sabíamos que viveríamos esse encontro. Quando seria? Como seria? Bem. A começar pelo esconderijo perfeito, longe das especulações e suposições maliciosas de línguas que apostam na vida alheia. Talvez o som das árvores que naquele momento extasiado não ouviríamos, claro. A meia lua que nos acompanhava sorria de lado se despedindo da madrugada vazia de uma rua cheia de olhos. Não tínhamos colchão, nem conforto e nem requinte. Só nós! A vontade, o desejo, a pele e o coração. Um chão, que apesar da poesia, poderia ser como qualquer outro chão duro e frio, mas esse não, esse denunciaria cada perda de oxigênio, cada sussurro, cada pensamento insano no descontrole de nossos corpos. Nossos lábios eram feito sanguessuga esfomeadas. As mãos que indicam por quais caminhos seguir, o cabelo macio que sem noção quase fora arrancado da nuca. Nos despimos com voracidade e rapidez como se não houvesse tempo a perder. Sentimos a febre um do outro, pêlos arrepiados, o gosto do teu gosto, espasmos, mordendo lábios, ajoelhados como fiéis devotos recebendo a hóstia indo em direção ao inferno particular libertando todos os demônios para um passeio nos jardins divinos, impróprios, proibidos para os não santos. O tempo se perde entre os relógios da cidade. Sinto como se possuísse dois corações, talvez três, talvez mil. Invadi o que não me pertencia, comportando-me como uma violadora, vasculhando cada segredo seu, me aproveitando dessa hipnose feito serpente encantada. -Dispensando a ordem poética-. Por que agora é o primitivo, o condenável, o que os outros não tem coragem de levar adiante por medo do pecado e do julgamento de Deus. Entre nós, o prazer assassinou a culpa com uma facada de desejo e depois cuspiu o sangue no chão. Agora estamos em transe. Estamos avançando os limites, derretendo coisas, grudados um ao outro, respirando fora do compasso. Agora e por hora você pertence a mim. Só faz o que eu mandar. É tarde, mas ainda temos algum tempo para destruir esse lugar. Ninguém nos tira daqui!

Um comentário:

  1. Q exto massa amiga, adorei msm.... bem completo
    De passage, e acabei lendo seus textos e deixando recados, e naum peguei nehum das frases..
    Bjaum!
    Sibellessa''

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