15 de abril de 2011

Nossos corpos não conseguem ter paz


Não me lembro de muita coisa. Mas me lembro da noite com nuvens negras e sem luar. Me lembro da dança e da música. Me lembro de fazer o que eu queria, embora não estivesse em meu estado normal. Não me lembro de muita coisa. Mas lembro de ter desafiado a lei da física, pois naquele exato momento consegui sentir dois corpos ocupando o mesmo espaço. Tudo se misturou. Emoções, calefações, agitações e quando me vi estava perdida no meio do desconhecido daquele momento. Ainda não sei se foi bom, mas sei que foi marcante. Tatuagem. Tatuagem mental mal cicatrizada. Foram dentes, pele, boca, perfumes, foram abraços. Me lembro do calor dos beijos que me queimaram. Dos olhos meigos na face rígida de um homem. Olhos que ilegais se entregaram. E então, chego a um ponto do texto em que a poesia não permite a escrita e meu vocabulário não alcança tal emoção. Me lembro de sair por ai a procura da água e encontrar fogo. Procurar distração e encontrar atração. Não me lembro de muita coisa. Mas seria incapaz de esquecer tudo. Meu coração é vagabundo e não consegue repousar por muito tempo. Logo vem as emoções estonteantes de um momento e ai já era. È difícil, mas eu gosto dessa turbulência, dessa agitação sem fim, é um sinal de que não estou morta, e que há muito mais pra viver e conhecer do que imagino. Amém.